A Reforma Tributária 2025 é um marco histórico para o sistema de impostos no Brasil, trazendo mudanças profundas nos tributos sobre consumo. Mais do que uma alteração legal, ela exige uma transformação estrutural nas empresas — afetando precificação, estoques, contratos, fluxo de caixa e até a forma como os ERPs operam.
Neste artigo, vamos explicar de forma clara o que muda, quais impostos serão extintos, como funcionará a transição e o que sua empresa deve fazer para se adaptar. O conteúdo é baseado na conversa com especialistas durante o evento Conexão Effective – Café com Reforma Tributária.
O que é a Reforma Tributária 2025 e por que ela é necessária
O sistema tributário brasileiro é um dos mais complexos do mundo, com cerca de 700 mil normas em vigor. Essa fragmentação gera burocracia, insegurança jurídica e guerra fiscal entre estados. A Reforma Tributária 2025 busca simplificar e padronizar regras, reduzir litígios e aumentar a transparência sobre o quanto se paga de imposto.
Um dos grandes avanços será a transparência tributária: os impostos sobre consumo deixarão de ser embutidos no preço e passarão a ser destacados, facilitando para o consumidor final e para o empresário saber exatamente quanto está sendo recolhido.
Principais impostos que vão mudar
A reforma unifica tributos sobre consumo e substitui impostos atuais por dois principais:
- Extintos:
- PIS e Cofins → substituídos pela CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços).
- ICMS (estadual) e ISS (municipal) → substituídos pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços).
- PIS e Cofins → substituídos pela CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços).
- IPI: mantido apenas para produtos específicos, como os produzidos fora da Zona Franca de Manaus que concorrem com produtos fabricados na região.
- Imposto Seletivo (IS): novo tributo que incide sobre itens prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, como bebidas alcoólicas, bebidas açucaradas e bens minerais.
Não cumulatividade plena
Todos os contribuintes, inclusive empresas que hoje estão no lucro presumido, terão direito a crédito de IBS e CBS sobre insumos, desde que o fornecedor tenha recolhido corretamente os tributos. Essa regra aumenta a importância de revisar a cadeia de fornecedores para evitar perda de créditos.
Impactos na precificação
A lógica de formação de preços muda radicalmente. Hoje, os impostos são “por dentro” (embutidos no valor). Com a reforma, eles serão “por fora”, calculados sobre o preço líquido. Isso exige ajustes nas margens para manter a rentabilidade e atenção especial a contratos de longo prazo.
Mudança no fluxo de caixa
O recolhimento será assistido e vinculado ao recebimento: em muitos casos, o valor do IBS e da CBS será descontado automaticamente no momento do pagamento pelo cliente. Isso exige adaptação no controle financeiro, já que a empresa passará a receber o valor líquido da venda.
Etapas da transição
- 2026 – Período de teste: destaque de IBS e CBS nas notas fiscais, sem efeito arrecadatório.
- 2027 – Extinção de PIS e Cofins; início da cobrança da CBS.
- 2029 a 2032 – Redução gradual de ICMS e ISS, com aumento do IBS.
- 2033 – Apenas CBS e IBS permanecem.
Estoques e oportunidades de crédito
Em 2027, haverá a possibilidade de crédito sobre estoques para empresas que hoje não se creditam de PIS/Cofins. Para aproveitar, será fundamental ter estoque e Blocos K e H do SPED totalmente consistentes.
Papel dos sistemas ERP na Reforma Tributária 2025
1. Adequação ao novo layout fiscal
Os sistemas ERP precisam estar prontos para gerar documentos fiscais no novo layout exigido pela Reforma Tributária 2025, incluindo o destaque correto de IBS e CBS nos XMLs. Essa adequação evita a rejeição de notas fiscais e garante que as empresas mantenham a conformidade legal durante a transição.
2. Automação da apuração de impostos
Com o novo modelo tributário, a apuração precisa considerar créditos e débitos de forma não cumulativa e automatizada. Um ERP atualizado reduz erros manuais, assegura cálculos precisos e acelera o fechamento fiscal, liberando tempo da equipe para tarefas mais estratégicas.
3. Gestão de créditos e estoques
O ERP será essencial para controlar créditos sobre estoques, principalmente na transição prevista para 2027. Isso inclui manter os Blocos K e H corretos, garantindo que quantidades, valores e NCMs estejam devidamente registrados para evitar perdas de crédito fiscal.
4. Integração entre áreas da empresa
Mais do que cumprir exigências fiscais, o ERP deve integrar setores como fiscal, contábil, custos, compras e vendas. Essa integração garante que todas as informações tributárias circulem de forma precisa, impactando diretamente na formação de preços e na tomada de decisões.
5. Suporte e personalização
Na reforma, contar com um ERP que ofereça suporte ágil e possibilidade de personalização será um diferencial competitivo. Soluções rígidas podem não atender particularidades de cada negócio, enquanto um sistema flexível acompanha mudanças e adapta-se rapidamente às exigências legais.
Como sua empresa deve se preparar
1. Mapeie fornecedores e clientes
O primeiro passo para adaptar sua empresa à Reforma Tributária 2025 é entender profundamente a sua cadeia de valor. Isso significa identificar quem são seus fornecedores, quais deles estarão aptos a gerar créditos de IBS e CBS e se estão em conformidade fiscal. Essa análise evita que sua empresa perca créditos importantes e garante previsibilidade no fluxo financeiro.
Além disso, é fundamental avaliar o perfil dos seus clientes — especialmente se sua atuação é B2B —, já que empresas compradoras tendem a priorizar fornecedores que oferecem créditos fiscais. Se a maior parte da sua base de clientes for pessoa jurídica, essa estratégia se torna ainda mais decisiva para manter competitividade.
2. Revise precificação e contratos
Com a nova lógica tributária, os impostos serão calculados “por fora” do preço, o que altera totalmente o cálculo de margens e descontos. É essencial revisar sua política de precificação para não comprometer a rentabilidade. Esse cuidado deve incluir simulações de diferentes cenários de alíquota, garantindo que os preços finais permaneçam competitivos.
Nos contratos de longo prazo, a atenção deve ser redobrada. Ajustes contratuais precisarão prever variações tributárias para evitar prejuízos e disputas jurídicas. Uma precificação bem estruturada, alinhada à nova realidade, pode inclusive se tornar um diferencial comercial.
3. Ajuste o ERP para suportar a nova tributação
O ERP será o cérebro operacional dessa transição. Ele deve estar apto a calcular IBS e CBS corretamente, gerar XMLs no novo formato e controlar créditos e débitos de forma automatizada. Sem essa atualização, há risco de rejeição de documentos fiscais e perda de créditos.
Mais do que tecnologia, é preciso garantir que a equipe saiba operar o sistema com eficiência. Treinamentos e manuais internos serão essenciais para que todos compreendam a nova lógica tributária e consigam tomar decisões com base em dados precisos.
4. Treine equipes de fiscal, contabilidade, custos e vendas
A reforma não afeta apenas o setor fiscal — todas as áreas precisam entender seu papel nesse novo cenário. O time fiscal e contábil será responsável por garantir compliance, mas custos e vendas precisarão adaptar a formação de preços e as negociações comerciais.
Investir em capacitação desde já reduz erros e acelera a curva de adaptação. Workshops, simulações de cenários e reuniões integradas entre áreas podem criar uma cultura de colaboração, essencial para que a mudança seja bem-sucedida.
5. Valide NCMs e estoques
As NCMs (Nomenclaturas Comuns do Mercosul) serão determinantes para a aplicação correta de alíquotas e concessão de créditos. Uma classificação errada pode gerar multas e perdas significativas. É hora de revisar toda a base de produtos, ajustando códigos e descrições para garantir conformidade.
No caso dos estoques, a consistência das informações será vital, especialmente para o crédito sobre estoques previsto em 2027. Blocos K e H do SPED devem estar corretos e atualizados, evitando inconsistências que possam gerar autuações fiscais.
6. Integre todas as áreas da empresa
A Reforma Tributária exige uma visão integrada do negócio. Fiscal, contabilidade, custos, compras, vendas, TI e financeiro precisarão trabalhar de forma coordenada para garantir que informações fluam corretamente. Sem integração, o risco de falhas e perdas financeiras aumenta.
Criar rotinas de alinhamento entre setores e implementar indicadores para monitorar o impacto da reforma são medidas estratégicas. A empresa que conseguir integrar suas áreas não apenas se adaptará mais rápido, mas também poderá encontrar oportunidades para otimizar processos e reduzir custos.
Conclusão
A Reforma Tributária 2025 é inevitável e já tem cronograma definido. Empresas que se anteciparem terão vantagem competitiva, enquanto quem deixar para última hora pode enfrentar prejuízos sérios.
Quer entender todos os detalhes na prática?
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